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Bru Fioreti

Mania de cursos, medo de ousar... Você pode ter a Síndrome da Boa Aluna

Bru Fioreti

24/09/2019 04h00

Muitas de nós continuamos a agir como se estivéssemos na escola na vida profissional (Foto: Pexels)

Muito já se falou sobre a Síndrome da Impostora, aquela sensação de não se sentir competente o suficiente e ter conseguido coisas por mera sorte que atinge 70% das pessoas em algum momento da carreira. E já se falou bastante também que essa condição afeta mais as mulheres, que enfrentam desafios sobrados na busca pelo reconhecimento profissional historicamente.

Mas e a Síndrome da Boa Aluna, você conhece?

Talvez vocês não tenham sido apresentadas, mas se você é a louca dos cursos, tem uma dificuldade enorme de enfrentar o superior ou sente que seu lugar é ali mesmo, assistindo os outros falar (em vez de ser a pessoa que fala), provavelmente faz parte do time das mulheres que se sabotam ao reproduzir os padrões do era recompensado na escola.

Pensa comigo.

A gente costuma ser aplaudida quando é a boa aluna, nossos pais gostam, o professor elogia, os colegas invejam. É bom, a gente quer mais disso, é uma fórmula de aprovação testada e aprovada.

E eis que algumas de nós acabam trazendo para a maturidade os comportamentos adotados com sucesso na escola.

Acontece que, para impulsionar a própria carreira, a gente precisa acreditar no nosso próprio conhecimento e não só aprender, precisa ensinar e agir com mais ousadia também.

Precisa crescer.

Os 4 principais "sintomas" da boa aluna

Vamos identificar os comportamentos dessa Síndrome — em tempo, não é uma síndrome reconhecida pela Medicina, tá? É um comportamento observado por estudiosos e um termo adotado para ajudar mulheres a diminuir suas crenças limitantes. 

  1. O primeiro "sintoma" é a adaptação às figuras de autoridade. É como se a gente tivesse um treinamento intenso e uma aptidão especial para prever o que as autoridades esperam (na figura do professor, quando pequenas). Tudo bem até aí. O desajuste é se adaptar facilmente demais a qualquer um quem entra numa posição de liderança, sem nem tentar questioná-lo ou influenciá-lo. É aceitar como certo e pronto, é ser facilmente comandada.
  2. Talvez o comportamento mais evidente na "boa aluna" seja achar que nunca está preparada o suficiente. É aqui que entram as mulheres que fazem cursos infinitos, que se preparam até demais para qualquer desafio profissional. Sabe como é? Sempre mais um curso online; um livro que ainda não leu, um treinamento a mais antes de apresentar, um teste necessário antes de abrir a própria empresa etc etc etc. É a "overpreparação" que barra realizações e atrasa o curso profissional.
  3. O terceiro traço é evitar improvisar. Tem a ver com a preparação excessiva, claro, e com sentir que ela em si não tem repertório para falar de bate-pronto, porque não é A professora, ou seja, A autoridade em determinado tema. Como assim simplesmente chegar e falar, fechar o negócio ou liderar a reunião?! Afinal, ela está acostumada a procurar fontes externas de autoconhecimento em vez de confiar que também sabe bastante coisa. 
  4. Por fim, quem tem a Síndrome da Boa Aluna faz um bom trabalho, mas escolhe comunicá-lo muito discretamente, em vez de dar visibilidade a ele. Até porque essa pessoa associa autopromoção a comportamento agressivo e inadequado, e não entende que mostrar aos outros o que fez de bom é justo e merecido. Pesquisas mostraram que as líderes de sucesso são as que aprendem a reconhecer seus feitos e a comunicá-los sem amarras — ou seja, não sabe "bom alunismo" no jogo da liderança feminina. 

Veja mais

Como Combater a Síndrome da Boa Aluna

Para trazer atitudes práticas de como parar de se sabotar com a lógica da boa aluna, vou recorrer à autora Tara Mohr, que escreveu o livro Ouse Crescer, no qual trata desta Síndrome e de outros males da autossabotagem feminina.

  • Relação com a autoridade: em vez de apenas oferecer o que a figura de autoridade quer, encontrar maneiras de influenciar essas pessoa, dentro da organização que trabalha, ou quem sabe em casa. Cogite também você mesma se tornar a figura de autoridade, por que não?
  • Preparação ou improviso: você não precisa mais ter a tabuada na ponta da língua, a escola já foi! Para ser brilhante na sua área, deve desenvolver um pensamento independente. Quando for se preparar para situações profissionais, comece a dosar o tempo de preparado para dar margem ao improviso.
  • Conhecimento vindo de dentro, e não só de fora: quanto mais alta a posição, mais vai precisar encontrar suas próprias respostas. Desafie-se hoje a perguntar a si mesma (escreva se precisar) o que deve fazer sobre questões complexas sobre as quais está em dúvida, em vez de abordar alguém para isso. Teste ser sua guru.
  • Fazer um bom trabalho ou fazê-lo e dar visibilidade a ele: Não existem mais as boas notas para te premiar, no mercado atual é preciso deixar mais gente saber sobre seus feitos. Assuma com naturalidade o que for mérito seu, não tente dizer que foi dos outros e não se desculpe pelos seus acertos — é isso que as acometidas pela Síndrome da Boa Aluna fazem. Fale sobre o que fez de bom, isso não é se gabar. Você se acostuma.

 

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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