Precisa se atualizar? Use este guia antes de escolher seu próximo curso

A chuva de cursos livres à venda criou uma onda de viciados em estudar, o que é ótimo, claro, mas pode mascarar a falta de foco da nova geração profissional. Explico: muita gente pula de curso em curso sem absorver nada nem aproveitar o que aprendeu. Acha que o que sabe nunca está suficiente para partir para ação, ou se interessa por tantos assuntos que se recusa a se aprofundar em um deles.

E tudo bem. Faça dez cursos em um ano se quiser, o dinheiro é seu, mas saiba que, se traçar bem os objetivos para cada um deles, estará investindo melhor seu tempo e seus recursos financeiros.

Deixo aqui uma ideia: assim como no empreendedorismo, pense em como e em quanto tempo vai recuperar o investimento no estudo — não só em termos financeiros, mas de conhecimento, utilização prática do conteúdo, manutenção dos contatos feitos… Conhecimento nunca é demais, porém tempo e dinheiro são recursos limitados. Que tal usá-los da melhor forma?

Listar seus objetivos de vida e só depois os prós e contras de cada curso: técnica de coaching para educação continuada. (Foto: Pexels)

O roteiro a seguir foi pensado para ajudar na escolha do seus próximos cursos com um jeito "coaching" de pensar.

Trace seus objetivos pessoais e profissionais

Com suas principais metas em mente, você consegue direcionar qualquer escolha, inclusive as de educação. Se você quer ir para um caminho de empreendedorismo em um ano, por exemplo, pode ser que começar agora um MBA em uma faculdade renomada interesse menos que partir para a prática e fazer cursos rápidos de administração de novos negócios e sobre sua área de atuação.

Mas se sua meta para três anos é crescer numa grande multinacional, pagar mais por uma pós-graduação clássica e aperfeiçoar línguas parece fazer mais sentido.

Qual o seu caso? Sabendo o que quer é que você terá condições de optar de maneira mais consciente. Não existe resposta pronta, ela depende de critérios individuais.

Diferencie a síndrome da impostora da necessidade de mais conhecimento

Por que você quer se matricular nesse curso de férias? Qual a razão de iniciar uma extensão agora? Pense nas respostas objetivas e aprenda a diferenciar a síndrome do "nunca estou suficientemente preparada" da real necessidade de melhorar a formação. Ainda que sempre haja espaço para mais aprendizado, ele só é efetivo se colocado em prática.

O que mais vejo são profissionais de novas áreas, como consultoria de imagem, que migram de minicurso em minicurso sem atender um cliente. Nunca se sentirão boas assim! A quantidade de treinamento precisa ser maior que a de estudo em sala. A partir da prática é que você vai sentindo a necessidade de novas formações. Assim é bem mais inteligente e efetivo.

Olhe menos para os colegas e vasculhe os seus gaps 

Pesquisadores da área de empreendedorismo e educação apontam para a tendência de que cada vez mais se investirá em aprimorar as competências individuais — ou seja, o planejamento de estudos será mais individualizado, de acordo com as necessidades de cada um, e não segundo tradições de mercado.

Não é porque todo mundo está fazendo curso de marketing digital que você também precisa fazer. O que de fato é necessário para impulsionar sua carreira? O que você tem de bom e quer melhorar? Ou ainda: que habilidade está faltando para deslanchar? Liste seus gaps profissionais e preocupe-se em preenchê-los. Isso, sim, é tendência!

Entenda de que tipo de formação você precisa 

Ao mapear suas necessidades de aprendizado, faça uma espécie de ranking, listando o que você precisa de conhecimento aprofundado e o que requer apenas uma noção, um aprendizado superficial. É assim que você entende se precisa investir numa pós-graduação ou se um curso online rápido resolve.

E trace um plano de estudos, do tipo que permita a você vislumbrar seus investimentos em educação para os próximos dois anos. Com tantas opções pipocando, é fácil se distrair com cursos interessantes, mas que não são prioritários para você.

Faça um exercício comparativo de investimentos

Tão importante quanto saber o tipo de formação a ser feita é comparar as opções disponíveis. Pese o nome da universidade, o investimento, a carga horária, o ambiente, o corpo docente… tudo o que for tornar sua decisão mais consciente. Escolher implica necessariamente perder em alguns aspectos e ganhar em outros.

Defina seus principais critérios. Às vezes é melhor gastar mais em um curso só que fazer vários pequenos que não "conversem" entre si. Em outros casos, diversificar as áreas de aprendizado vale mais a pena que investir num mestrado. Escreva prós e contras num papel antes de decidir.

Outra ideia é fazer um curso menor e barato sobre uma área de interesse antes de investir em algo mais caro e de longa duração.

E não se esqueça de falar com quem cursou o que você quer e de investigar bem os professores. De cursos com nomes bonitos e atraentes o mercado está cheio…

Saia do curso com três ideias de aplicação prática

O livro "Garra: O Poder da Paixão e da Perseverança", da psicóloga Angela Duckworth, é uma das respeitadas publicações recentes que comprovam a importância da experiência. Você aprende a partir do que experimenta, dos resultados que obtém, muito mais do que pelo discurso. Por exemplo, de nada adianta você ler esse roteiro que eu publiquei se não aplicá-lo na sua vida e entender como ele pode aumentar seus resultados.

Por isso, a sugestão é criar três aplicações para o conteúdo absorvido. Como você pode levar o novo conhecimento para a prática? Isso também vale para os contatos estabelecidos no curso. Como pode agregar valor àquelas pessoas e criar uma poderosa rede de contatos — escrevi um pouco sobre lições de networking de influencers aqui.

Curso é antes, durante e depois. Quanto mais planejamento em cada etapa, melhor.