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Pensando em trabalhar por conta? Veja 7 duras verdades sobre empreender

Bru Fioreti

26/06/2019 04h00

Flexibilidade você pode conseguir, só não confunda com trabalhar menos. Empreendedoras são as mais conectadas (Foto: PEXELS)

O sonho de empreender nunca foi tão difundido. Existe uma aura de autorrealização, da jornada rumo a grandes sonhos e até de enriquecimento fácil em torno disso. Mesmo para quem não sonha grande, a mesma toada, tão difundida nas redes sociais, vem com a promessa de liberdade de decisão, controle sobre o próprio tempo e outras benesses de não depender de ninguém.

São verdades, claro. Mas existe todo um lado B a ser explorado.

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Embora eu não seja a favor do pensamento de que a pessoa é uma empreendedora nata — percebo, isso sim, que empreender envolve habilidades e competências que podem ser desenvolvidas –, admito que para alguns é bem mais difícil trabalhar sem a segurança de uma empresa maior, um chefe para tomar decisões e até a sensação de segurança da carteira assinada.

Independentemente de você ser mais ou menos propensa à aventura empreendedora, vai precisar estar ciente de alguns fatos.

Não são possibilidades, são fatos mesmo. Coisas que nem sempre aparecem em destaque ou na frase motivacional dos chamados empreendedores de palco, mas que vão lhe ajudar a manter os pés no chão e ajustar as prioridades antes de demitir o patrão.

Vamos a elas.

1 – O dinheiro da sua empresa não é seu

Parece banal, mas estudos mostram — e minha experiência com pequenos empreendimentos atesta — que parte considerável dos empresários não separa como deveria o que é caixa da empresa e o que é despesa particular.

Se a empresa fatura X por ano, não é que esse X é seu e pode ser gasto à vontade!

Pelo menos não se quiser garantir a saúde financeira da empresa. Mesmo que ela seja composta de uma pessoa só, pode carecer de investimento para materiais, transporte, taxas etc.

Acostume-se com a ideia de ter um pró-labore e de guardar dinheiro em caixa para sazonalidades. Mesmo no trabalho freelancer, há fases de muita demanda e outras de zero trabalho. Como os boletos não se pagam sozinhos, é preciso haver programação.

Achar que tudo o que ganhou naquele mês pode ser torrado sem consequências é a mais imprudente das ilusões.

2 – Você vai ter que aprender a lidar com $

É por isso que quis colocar esse tópico.

Por mais que possa contratar um contador e criar um departamento financeiro, você, empresária, precisa entender o mínimo sobre fluxo de caixa, taxas e impostos. Vai ter que fazer contas e separar o que é seu e o que é da empresa, eventualmente cortar gastos supérfluos, rever os fixos, investir para crescer.

Alguma educação financeira vai lhe poupar prejuízo.

3 – Você não trabalha menos

Não, fato.

Pergunte a qualquer empreendedor e ele vai lhe explicar que, de certa forma, você trabalha o tempo todo. Seja porque está de olho em referências ou na concorrência mesmo nos momentos de lazer, seja porque os pepinos lhe acompanham aonde for.

O telefone toca e, sim, você precisa atender, senão nada se resolve. A mensagem chega e, a menos que dê seu OK, a decisão fica ali em suspenso, gerando prejuízo.

Por mais que tenha flexibilidade para ir ou não ao escritório e que possa, em muitos casos, trocar até o dia pela noite, menos você dificilmente irá trabalhar.

4 – Sua chance de tirar férias diminui

Não trabalhou, não ganhou. E a menos que tenha muito bem resolvidos os tópicos 1 e 2, vai precisar estar sempre na ativa, pelo menos nos primeiros anos. Vejo muita gente que atua como freelancer ou abriu um negócio exaurida porque não sai de férias de verdade há tempos.

Estou falando de não trabalhar mesmo, ok? De fazer uma viagem, ou ficar em casa, mas totalmente desconectada do celular e do computador, sem resolver problemas. Não é só o afastamento geográfico do trabalho.

Se não delegar tarefas e/ou se planejar para isso, folgar por quatro dias que seja vai ser raríssimo.

Sei que nessa hora sempre tem alguém que diz que não precisa disso se realmente amar o trabalho. Mas há controvérsias.

A Síndrome de BurnOut — esgotamento por excesso de trabalho — foi reconhecida neste ano como doença pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Sem o completo desligamento de aparelhos eletrônicos e de resoluções de trabalho, você provavelmente não estará descansando de verdade, o que pode trazer consequências físicas e psicológicas.

Portanto, se empreender, não se esqueça de se organizar para descansar.

5 – Você vai ter dúvidas o tempo todo

Vai precisar lidar com a incerteza e fazer testes — pivotar, para usar a linguagem comum em start-ups.

Muita gente que empreende parece segura, confiante com seu produto ou serviço, o que não significa ausência de medo.

Há muito a perder com cada decisão errada, mas a única maneira de evoluir em um negócio próprio é escolher caminhos para ele. E isso requer tentativa e erro.

Portanto, sim, você terá dúvidas e muitas vezes se sentirá solitária na jornada. Não necessariamente terá sócias ou pessoas que entendam tão bem quanto você do seu negócio para opinar. Vai ter que bancar as próprias decisões e os próprios erros.

6 – Se não se mexer nada acontece

A essa altura você já entendeu, mas não custa repetir. O negócio não se resolve sozinho, as oportunidades não pipocam do nada, salvo deliciosas exceções.

Há um trabalho constante de lidar com problemas internos e externos, de manter contato com clientes, organizar a agenda, atualizar-se com o que a concorrência está fazendo, observar o mercado e as tendências

É muito trabalho e, se estiver sozinha, todos os departamentos serão você. É preciso se organizar e se manter fiel a uma rotina, na maior parte do tempo. Até a sua flexibilidade precisará ser organizada para que possa ser viabilizada.

Ir atrás do que quer é a base do empreendedorismo. Não cabe aí vergonha nem preguiça.

7 – Você será seu departamento de marketing

Divulgar o que faz, saber "vender seu peixe" é a parte mais dolorosa do trabalho para muitos.

Se for seu caso, considere se preparar para abrir a boca em reuniões e eventos, desinibir-se e ter cara de pau para mandar mensagens oferecendo trabalho e aprender a lidar com redes sociais.

Sim, o bê-á-bá da divulgação hoje envolve alguma dose de marketing em redes sociais, em vários moldes: fazendo conteúdo, entrando em contato com futuros clientes, divulgando feitos…

Se não tiver ninguém mais para fazer isso por você, vai ter que perder o medo e pôr a mão na massa, goste ou não.

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Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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