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Mudança de carreira: 7 dicas para fazer sua transição sem perrengue

Bru Fioreti

22/06/2017 08h00

Primeiro post na minha coluna aqui no UOL Estilo, e eu pensando: me apresento, entrevisto alguém importante, faço uma versão romantizada do meu currículo para impressionar? Pois é, nada disso interessa muito para você, que chegou até aqui querendo saber como avançar na SUA profissão. Por isso, corto o blá-blá-blá e já chego compartilhando as principais lições sobre transição de carreira que estudei pacas nos cursos de coaching, mas que só aprendi na pele quando decidi, enfim, arregaçar as mangas e fazer a minha mudança.

Explico: eu era uma bem-sucedida jornalista da área feminina (fui redatora-chefe da revista Glamour etc etc) e decidi largar a zona de conforto e a CLT para me dedicar integralmente ao coaching de vida e carreira. Ou seja, falo sobre o tema com conhecimento de causa.

Vamos às dicas?

1. É melhor tentar mudar de emprego antes de mudar de carreira.

É comum a pessoa pensar que está na carreira errada, mas estar "apenas" no emprego errado. Será que não é o seu caso? Para tirar a dúvida, sugiro, antes de tomar uma decisão mais drástica, tentar trocar de posição onde está ou de empresa e anotar como se sente no final do dia.

Aliás, anotar como se sente é a mais elementar e a mais eficiente das ferramentas de coaching para decifrar as insatisfações e fazer boas escolhas. Pergunte-se: Por que estou me sentindo mal agora? O que gosto de fazer neste trabalho? O que detesto? Quando começou meu desânimo aqui? Há algo que eu possa fazer para me sentir melhor aqui?.

Faça essa autoanálise durante cinco dias e só depois sente-se para ver se quer mesmo mudar. Perceba que a mudança de carreira em si vem muitos passos depois… Meu exemplo: precisei mudar de emprego para ter certeza de que não era uma insatisfação pontual nem ranço com desprestígios anteriores, mas genuíno desejo de fazer outra coisa da vida. Não foi um erro, foi um aprendizado – bela frase de efeito para levar para a vida, hein?

2. Networking é muito mais que contatos profissionais – e, sem ele, você afunda.

Primeiro, abandone a mania de perseguição e saiba que mais gente torce por você do que imagina. Só quando mudar de área é que vai sacar isso, pela quantidade de parabéns e de conselhos que virão de pedir! Segundo, networking é relação verdadeira que se alimenta continuamente, cresce com o tempo e não se resume aos tais "contatos profissionais".

Seu vizinho, sua colega de academia, a amiga da sua irmã, toda essa turma é seu networking e deve ser a primeira a ser acionada quando precisar de conselhos, indicações e favores. Não há vergonha nenhuma em ser sincero e pedir contatos! Sugiro o clássico "Nunca Almoce Sozinho", de Keith Ferrazi, para os interessados.

O segredo é começar a cultivar agora sua rede de relacionamentos de uma maneira generosa e constante. Você é o sumido dos amigos ou aquele que manda parabéns sempre? Reflita sobre suas atitudes e comece a olhar mais para o outro. Pense no que pode fazer por eles e se ofereça! É a tal via de mão dupla. Sugestão para fazer a partir de agora: liste seus contatos negligenciados e acione pelo menos um por semana. Faça disso um hábito e depois me conte 😉.

3. Formular objetivos não é papo corporativo, é essencial nas profissões mais "modernas".

Todo processo de coaching começa com formulação de objetivos por uma boa razão: sem eles, você não se motiva, não ganha foco e não atinge os resultados que espera. Claro, você nem sabe o que esperar! Quando se trata de mudança de carreira, colocar no papel o que pretende é a primeira providência. Comece por sonhar.

No meu caso, relaxei e cheguei a me visualizar fazendo o que queria daqui a cinco anos. A partir dali, listei meus sonhos e coloquei prazos para que se realizassem. Objetivo é sonho com data, afinal de contas. E é mais simples do que parece.

Para não ter erro, liste seus objetivos para 3 anos, 1 ano e "quebre-os" em metas para cada três meses a partir da data de hoje. Quando mais tangível e organizado, mais clareza você ganha. Áreas menos convencionais são as mais beneficiadas por esse tipo de planejamento, porque ele é complementar ao lado criativo, já forte em quem procura aventuras solo.

4. Costurar para fora pelo menos um ano antes é o melhor caminho.

Você compraria um carro novo sem fazer o test-drive? A lógica é a mesma. A começar, pela óbvia necessidade de planejamento financeiro: a maioria dos mortais precisa criar uma reserva para pagar as contas durante um tempo. Os boletos não esperam, né? Pensar em três meses de contas básicas pagas é um bom caminho.

Ir flertando com a nova área enquanto ainda está empregado também ajuda a ir formando uma cartela de clientes e, principalmente, a solidificar sua confiança no business novo. A falta de autoconfiança, acredite, é a necessidade número 1 da maioria das pessoas que buscam um processo de coaching. Confiança significa ter clareza sobre suas habilidades e seus avanços. Quanto mais experiência tiver, melhor. Use a transição para fazer portfólio, testar e, principalmente, se permitir ERRAR.

5. É preciso cuidar sistematicamente da saúde mental, ou seja, comece já o projeto #nervosdeaço.

Esta dica é para os 99% da população que ficam apavorados diante de qualquer mudança grande na sua vida! O medo de falhar vai gritar nessa hora, ativando o que chamamos no coaching de "self 1", aquela voz cheia de censura que aparece para dizer que vai dar tudo errado, que você vai fazer um papelão e assim por diante. Reconhecer essa voz é condição básica – vale anotar tudo o que ela te fala para trazer isso para a consciência, tá?

Mas cuidar da saúde mental vai além, e é um processo individual. Sugiro praticar atividade física, fazer alguma pequena atividade de lazer todo dia e, se der, uma meditaçãozinha matinal de pelo menos 10 minutos toda manhã. São técnicas zero custo (afinal, você não estará nadando em dinheiro nessa fase) e comprovadas por 1.001 estudos da área.

Só não negligencie seu equilíbrio emocional porque na hora H você vai precisar dele para tomar boas decisões. Vai por mim, eu precisei de muita inspira-expira para manter a cabeça no lugar…

6. Ninguém vai te descobrir no sofá vendo Netflix – tem que sair da toca!

Tem a ver com a dica do networking, mas é um pouco mais do que isso. A lição que quero trazer aqui é sobre a importância de comunicar de fato o que você quer da sua vida, o que busca, o que sente. Para fazer grandes mudanças de carreira, quanto mais pessoas você acionar para te ajudar melhor. Peça conselhos a pessoas em quem confia, procure gente que já trilhou o caminho que você quer, peça contatos a todo mundo que sinalizar algo sobre sua nova profissão.

Por que não? Eis a pergunta que deve ficar calcificada na sua mente! A gente se sente injustiçado muitas vezes, mas não percebe como desiste fácil e como deixa de comunicar nossos talentos e habilidades para o mundo. No universo profissional, não basta fazer bem, tem que contar que fez! Frequente mais lugares ainda que por lazer, saia de casa para eventos profissionais, puxe conversa o máximo de vezes que puder. Olha, com o tempo deixa de doer.

7. É preciso começar antes de estar pronto.

Todos os gurus que já escreveram sobre sucesso acreditam nisso, e por que viria eu dizer algo diferente aqui? A maior inimiga do sucesso é a perfeição. Na tentativa de não errar nada, de deixar tudo no seu devido lugar, a gente protela mais do que deve, se enrola, perde o bonde. É preciso começar de algum lugar, mesmo sem experiência, mesmo com medo, mesmo sem ter a reserva enorme de dinheiro que você gostaria. Todo o planejamento que descrevi até aqui te prepara, inclusive, para o momento de desapegar e iniciar a nova carreira.

Você precisa de mais um curso ou de colocar em prática o que já aprendeu até agora? De esperar uma oportunidade boa ou de propor um projeto novo aí mesmo onde trabalha hoje? De esperar a economia melhorar ou de trabalhar alguns fins de semana? Trace seus objetivos e seja sincero com você mesmo. Se você estiver esperando para começar só por medo, não vale a pena esperar mais.

Eu percebi que se esperasse ter todo o conhecimento de coaching que eu queria para me dedicar a isso, não começaria nunca. Em vez disso, resolvi ir fazendo e me aperfeiçoando ao mesmo tempo. Mas, depois de começar, minha confiança só cresceu! Conforme-se: você nunca estará 100% pronto, sempre vai ter algo novo a aprender. A graça é essa.

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Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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