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Bru Fioreti

Que feedback você merece em 2018? Aprenda a encontrar o lado bom do seu ano

Bru Fioreti

05/12/2018 04h00

Olhar para o que passou e listar os aprendizados: eis uma boa técnica para cultivar o otimismo e planejar melhor a carreira (Foto: PEXELS)

Como transformar o inevitável clima de fim de ano em algo diferente da incômoda sensação de NÃO ter realizado tudo o que queria? E de precisar correr atrás do prejuízo no ano que nem chegou?

Cheguei à conclusão de que não é fugindo do balanço do que passou, mas fazendo uma retrospectiva pessoal e profissional com viés positivo. Na prática, isso tem a ver com a maneira como encaramos o que passou.

Gratidão sem muita reflexão

A primeira e mais eficiente das emoções positivas a ser celebrada no balanço de fim de ano que proponho aqui é a gratidão – atalho comprovado para trazer bem-estar, segundo a Psicologia Positiva. Pelo que você é grata no seu ano? O que de melhor aconteceu na sua vida? E na esfera profissional, o que fomenta a sensação de gratidão?

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A recomendação é escrever as principais gratidões que vierem à cabeça, das coisas banais e próximas na linha do tempo às genéricas e antigas, antes de começar uma análise detalhada.

Na sequência do "balanço do bem", é possível trabalhar o chamado otimismo aprendido, conceito estudado por Martin Seligman, o fundador da Psicologia Positiva. Trata-se de trazer à consciência e questionar a maneira como interpretamos os acontecimentos, usando-os para reforçar nossas crenças negativas ou para combatê-las.

Não é simples, mas é algo que pode ser feito com método.

Ressignificando os fracassos

Antes de trazer o conceito de otimismo para a prática, é preciso lembrar o que aconteceu ao longo do ano. Como o viés desta coluna é profissional, proponho que faça uma lista mês a mês dos projetos mais importantes que entregou, dos elogios e das críticas que recebeu, das ideias que colocou em prática ou amadureceu, dos acontecimentos que lhe pegaram de surpresa, das discussões que teve… Uma lista sem filtro de tudo o que puder se lembrar sobre 2018, de bom e de ruim.

Pode ser que nessa etapa você se surpreenda com a quantidade de conquistas das quais nem se lembrava, algo bem comum. Também é provável que liste vários acontecimentos negativos e perceba que, com o tempo, eles perderam a importância. Desentendimentos resolvidos, problemas antes insolúveis que desapareceram ou dúvidas cruéis que se converteram em decisões sábias tomadas por você ou sem que pudesse fazer nada.

Porém, há uma terceira categoria de acontecimentos que pode ainda ser vista como negativa. É sobre elas que vamos trabalhar o otimismo aprendido.

  • Por que aquilo lhe pareceu tão ruim à época e ainda parece?
  • O que aprendeu com esse acontecimento?
  • O que de bom ele trouxe a você?
  • Há algo que possa fazer na prática para se sentir melhor sobre isso?
  • O fato de ter acontecido significa necessariamente que irá se repetir?

Esse conjunto de perguntas ajuda a desmascarar as crenças e as emoções negativas vinculadas ao fato em si e, se respondidas com empenho, podem lhe ajudar a ver o que passou sob uma perspectiva menos sombria e mais construtiva.

É uma técnica para ressignificar o que passou (dar novo significado ao passado), sentir-se melhor com o que não pode mudar (até porque já aconteceu) e aprender a ser mais otimista.

Você pode ter sido demitida e se sentido injustiçada, mas constatar hoje que aquilo lhe impulsionou a finalmente ir atrás de um sonho antigo, que agora está saindo do papel. Pode ter se desentendido com o chefe e sido retaliada por isso, mas entendido que depois do fato passou a ser mais respeitada na empresa. Ou ainda ter errado feio numa apresentação e ainda se lembrar disso como uma vergonha, mas aprendido de uma vez por todas que precisa se preparar melhor antes das reuniões ou pedir para remarcar quando não tiver terminado a apresentação…

Além disso, dá para entender que a ideia de haver uma cascata de acontecimentos negativos ou uma relação causal entre o que aconteceu de ruim e um futuro de infortúnios pode estar só na sua cabeça — nas suas crenças negativas e arraigadas, para ser mais específica.

Tente essa sequência de perguntas para mais de um acontecimento negativo que listou. É especialmente importante escrever qual o aprendizado por trás do fracasso e trazer à consciência o fato de que não há garantia de que aquilo seja uma tendência ou se configure numa maré de azar profissional.

Autofeedback, modo de fazer

Além das duas tarefas vinculadas à Psicologia Positiva — exercitar a gratidão e ressignificar os acontecimentos com um viés positivo –, uma prática bem eficiente para a carreira é o autofeedback. Dar a si mesmo um retorno construtivo sobre seu desempenho ao longo do ano.

Não é martírio, ok? Faça como se fosse para um funcionário pelo qual tem apreço.

  • No geral, que nota daria ao seu desempenho em 2018?
  • Que indicadores teria para justificar essa nota?
  • Quais foram os pontos altos do seu ano?
  • E os baixos?
  • O que precisa estudar ou desenvolver para ter resultados ainda melhores?
  • E corrigir para combater os pontos fracos?
  • Quais os principais objetivos profissionais para 2019?

Responda objetivamente, de preferência por escrito, e priorize resultados práticos em vez de planos. Aquela ideia incrível de reestruturar o departamento ou mudar o sistema de comunicação interna não foi para a prática não serve. Em vez disso, dê uma nota para a apresentação de resultados que fez no meio do semestre e liste o que faltou para que conseguisse a promoção que pediu. 

Pronto, feedback dado. Não deixe no plano das ideias nem fique ruminando o dia todo. Qual a utilidade do autoflagelo?

Mesmo aqui, a proposta é avaliar o que entregou para corrigir a rota e melhorar nos próximos dias, meses e anos. Saia do seu autofeedback com tarefas a cumprir curtas, claras e com prazo — exatamente como seria com um funcionário.

Dica extra: a estratégia da micrometa de dezembro

Se apesar de tentar o approach mais positivo, você sentiu que seu balanço anual ficou no vermelho, escreva uma pequena meta para realizar até dezembro terminar. Não precisa ser profissional. Vale finalizar alguma pendência burocrática, fazer algo pela saúde ou uma atividade de lazer. Certifique-se apenas de que ela só dependa de você e seja viável no prazo estabelecido.

A proposta de realizar uma "micrometa" a essa altura do campeonato vem da lógica de que realização chama realização. Tem a ver com o conceito de autoeficácia — sua crença de que consegue, de que pode realizar –, diretamente ligado à autoconfiança. Trocando em miúdos, se você realiza nem que seja uma pequena tarefa ou objetivo agora, aumenta sua autoeficácia e se sente, portanto, mais capaz e confiante nas próximas semanas.

Fazer isso antes mesmo de formular suas metas para o ano que vem é mais esperto do que esperar que a virada por si só traga motivação. Não traz. Contar com a autoconfiança construída por meio de pequenos rituais e metas cumpridas é mais eficiente que apostar na disciplina ou na mágica do Réveillon.

Pode tentar (e, se puder, me conta depois).

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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