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Bru Fioreti

Sorte ou competência: pesquisadores investigam o que faz a carreira decolar

Bru Fioreti

11/09/2018 05h00

Segundo a pesquisa, 90% dos profissionais de arte, ciência e direção de cinema estudados, tinham ao menos uma onda de sorte na vida (FOTO: PEXELS)

Sabe quando uma pessoa parece entrar em uma maré de sorte, em que tudo o que toca vira ouro? As coisas fluem para ela, passa a ser reconhecida no seu campo profissional, a ganhar dinheiro, a ser a queridinha do momento? Por muito tempo se acreditou que isso era balela, ou algo completamente imprevisível e destinado a uns poucos afortunados. Mas uma pesquisa recém-lançada mostrou que não é bem assim.

Pelo menos não em trabalhos que envolvam criatividade, os estudados por um time de cientistas, incluindo alguns da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Informação da Universidade Estadual da Pensilvânia. Para pesquisar os chamados "hot streaks" — algo como "períodos ou marés de sorte" –, eles examinaram trabalhos de 30 mil profissionais, entre cientistas, artistas e diretores de filmes.

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O que queriam saber: se suas obras mais reconhecidas vinham em períodos determinados e se havia algum padrão nisso.

Até então, identificava-se mais esse tipo de fenômeno coletivamente: pense em esportes, mercado financeiro ou até as tais mãos quentes em jogos de sorte e azar. Mas raramente para carreiras individuais "comuns". Acreditava-se que era um processo randômico. Mas não é totalmente.

A primeira descoberta é que 90% dos profissionais das indústrias estudadas — artísticas, científicas e culturais — experimentam essa fase de ouro ao menos uma vez na vida. Ou seja, a sorte está bem mais acessível do que se pensava. 

A segunda foi que, embora a primeira "boa onda" pareça ser aleatória (e imprevisível), ela pode aparecer em qualquer idade, contrariando a ideia difundida de que o desempenho máximo dos profissionais se dá na faixa dos 30-40 anos. De acordo com o levantamento, quem tem uma carreira tardia ou mais idade e ainda não experimentou uma dessas marés pode, sim, vir a vivenciá-las.

Um terceiro ponto foi a própria comprovação da existência de marés de sorte nas carreiras individuais. Até então, acreditava-se não haver relação entre os diferentes golpes de sorte, porém, relacionando os hits da carreira dos estudados, a pesquisa descobriu que há um período menor entre eles do que seria se fosse algo aleatório. Isso sugere que o sucesso vem em sequência — ou em ondas, se preferir.

E elas duram anos. Para os artistas, uma média de 5,7 anos. Para os diretores, 5,2 anos, e para os cientistas, 3,7 anos.

Estaria você em uma dessas ondas? 

Produtividade versus sorte

Claro que as pessoas que atingem grandes feitos têm mérito e competência, porém a sorte pode encontrá-las e, sem que nada mude na sua produtividade, conseguirem resultados superiores e inéditos.

Essa é uma das descobertas mais surpreendentes da pesquisa, que, ao cruzar dados da carreira anterior e posterior aos maiores feitos dos estudados, não encontrou a clássica associação entre produtividade e sucesso.

Segundo os cientistas, é como se ocorresse alguma mudança interna que ativasse a criatividade sem esforço nos indivíduos que estão em plena maré de sorte. Eles não produziam mais nesse período, simplesmente produziam melhor.

Um sonho, eu sei.

Ok, e eu com isso?

A ideia dos pesquisadores é entender quanto desses padrões se estendem a outras áreas de atuação, como a empreendedores, por exemplo. Mas, até lá, não custa refletir sobre os resultados.

Se você identificar que está numa dessas marés, pode tentar se concentrar e produzir mais, conscientemente. Unir a criatividade aflorada dessa etapa a um esforço extra, a fim de conseguir resultados ainda mais notáveis. Lembre-se de que os feitos tendem a se dar em sequência durante alguns anos, então se você se mantiver trabalhando bem, terá mais chances de repetir o sucesso inicial em um período curto de tempo.

Caso você não esteja exatamente numa onda de sucesso, continue fazendo seu melhor. Afinal, não é que os artistas, cientistas e cineastas estudados estavam de braços cruzados. Eles de fato produziram coisas que, em algum ponto, se destacaram nesse meio tempo.

Até que se descubra como ativar o primeiro golpe de sorte, continuar trabalhando e usando suas maiores competências e talentos é a melhor saída.

 

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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