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Bru Fioreti

Pausa no "pense grande": a tendência de carreira agora é "pense micro"

Bru Fioreti

22/10/2019 04h00

Pensar "micro" é pensar nos formatos de trabalho que se adequam à realidade de agora a 2030. Inclui propósito e várias profissões (Foto: PEXELS)

Você já escutou que deveria pensar grande, que sonhar grande e sonhar pequeno demandam a mesma energia e outras máximas que mostram o lado bom da ambição para o crescimento profissional.

O que quero propor hoje não é exatamente uma oposição à ideia de que você pode querer coisas grandiosas para si mesma. Quero propor uma perspectiva que corre em paralelo: a de que, de agora até os próximos 10 anos, olhar para os pequenos passos e os cenários mais improváveis, nichados e pequenos, pode ser… um grande negócio.

Microtudo

Um dos estudos que cristalizaram em mim essa perspectiva foi o que fiz na plataforma de foresight O Futuro das Coisas. A economista e curadora do programa, Lilia Porto, explicou em uma das aulas que caminhávamos para esse cenário de "microtudo". Microjobs, microférias, microempreendedorismo e assim por diante.

Faz muito sentido, olha.

Mesmo isso sendo baseado em previsões e possibilidades profissionais para 2030, já se encaixa bem no cenário em que vivemos. O trabalho cada vez mais informal e sob demanda, por exemplo, já é realidade para muitas de nós.

Trabalhamos por "jobs", por projetos, muitas vezes em home office.

Abrimos nossas próprias empresas não necessariamente porque queremos ser empresárias (nos moldes do que era ser uma empreendedora antigamente), mas porque é a maneira mais eficiente de profissionalizar uma carreira multifacetada que antes não existia.

É a viabilização da cada vez mais comum da carreira slash (a do profissional que não escolhe uma área só de atuação, mas que se divide em várias; ele faz isso, barra aquilo, barra aquilo outro).

Vamos prestar diversos tipos de serviço, vender outras tantos tipos de produto, mas em escala pequena, dependendo do nosso próprio esforço. Como temos vários "patrões", carecemos de uma estrutura mínima, de uma empresa. Uma microempresa, cujos riscos e custos são menores.

Microempresas essas que podem e normalmente correm em paralelo a empregos formais ou a uma área de atuação principal.

Microférias, já tirou as suas?

E o microtudo vai se espalhando para as férias, que nessas condições precisam ser "quebradas" em várias escapadas. Também para o plano de desenvolvimento profissional, antes estruturado em graduação e pós-graduação e hoje quebrado em etapas pequenas e difusas.

O microlearning veio para ficar, permitindo que o desenvolvimento profissional seja feito por artigos, podcasts e vídeos curtos disponíveis na rede, tanto quanto por MBAs e cursos online montados por empresas e instituições dos mais diversos portes.

A autocuradoria de conhecimento não é só uma realidade, como também uma necessidade em mercados saturados e competitivos. As empresas estimularão isso cada vez mais; e você sentirá essa necessidade para lidar com as novas demandas. Se é que já não sente.

Como as universidades sozinhas não dão mais conta de abarcar todo o conhecimento, ainda mais na velocidade com que se coloca, agregar microlearning ao seu dia a dia profissional é estratégico.

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Microinfluenciadora sim, senhora

Sonhar micro — a essa altura você já entendeu — não é sonhar pequeno, mas entender o poder das pequenas jornadas para o novo profissional.

Isso inclui, claro, valorizar o próprio propósito de vida, em vez de apenas emular os sonhos alheios. Quem falou que ser milionária precisa ser seu sonho? E se em vez da casa própria sua meta for ser nômade digital? Algum problema se você quiser continuar trabalhando como freelancer pela vida toda sem expandir o negócio?

No cenário "micro", seu microcosmo importa ainda mais, e você se sente no direito de sonhar os próprios sonhos e dar a eles a dimensão que quiser.

O que não precisa vir com uma capa de egoísmo, uma vez que viveremos em um mundo de cada vez mais engajamento em grandes causas. Agora é sobre escolher as causas mais conectadas ao seu propósito e aí, dentro do seu mundinho, trabalhar por elas.

Nesse sentido é que eu sempre digo que somos todos microinfluenciadores — e não só digitais. Todos podemos influenciar a comunidade ao nosso redor e fazer isso para alavancar as próprias carreiras, enquanto cumprimos nosso propósito e buscamos deixar um legado para o mundo.

Já pensou nisso?

Você já influencia as pessoas no seu microcosmo, e é tendência, sim, pensar em expandir essa influência para uma rede um pouco maior de pessoas, usando as redes sociais. Veja que eu disse "um pouco maior de pessoas", justamente porque encorajo você, como já disse algumas vezes aqui, a encontrar um nicho de atuação.

Quando mais específico o que fizer e mais pontual a necessidade do público que suprir, mais facilmente reconhecida será.

Ser uma microinfluenciadora não precisa ser uma "profissão", mas sugiro que comece a cogitar a hipótese de assumir esse seu lado como um instrumento de construção de marca pessoal e impulso profissional.

Dentro daquela sua comunidade, você pode conseguir muita coisa: se fortalecer na sua área, trabalhar um nicho só seu, fomentar ideias inovadoras, contribuir para grandes causas, dialogar com gente nova e abrir a mente.

Nem que seja algum desses microbenefícios (nem tão micro assim) você vai ter.

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

Blog da Bru Fioreti