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Bru Fioreti

Perfeccionista ou relapsa? Entenda qual o meio termo que o mercado quer

Bru Fioreti

16/01/2019 04h00

Priorizar tarefas e entender que autenticidade é valorizada no mercado hoje: pense nisso antes de esperar que 100% dos "jobs" saiam perfeitos (FOTO: PEXELS)

Você já deve ter lido em alguma matéria com dicas de carreira que apontar "perfeccionismo" como um defeito na entrevista de emprego virou motivo de chacota. Pudera: o candidato que diz isso lá no fundo não enxerga a mania de perfeição como um defeito real, mas como uma qualidade, e diz isso para se esquivar de confessar falhas profissionais das quais se envergonha. Tipo dificuldade com cumprimento de prazos, baixa inteligência emocional, pouca capacidade de liderança ou baixo conhecimento técnico…

Mas, de fato, ser perfeccionista pode ser um entrave não só para o desenvolvimento profissional, como para a satisfação pessoal. É, no fim das contas, um defeito!

Pesquisa de 2017 mostrou que os níveis de perfeccionismo aumentaram nas últimas três décadas em relação às gerações anteriores. O estudo foi feito em Inglaterra, Canadá e Estados Unidos e associou o aumento do número de perfeccionistas ao boom de  ansiedade, depressão e problemas de autoimagem no mesmo período.

Um vício paralisante

Expert no tema, Brené Brown classificou a prática como autodestrutiva e viciante e explicou que "a necessidade de ser o melhor está relacionada, no fundo, ao medo de nunca ser suficiente". Como se a aprovação só pudesse vir de uma entrega perfeita.

E, claro, a entrega perfeita demora mais, causa mais sofrimento e, convenhamos, pode nunca vir — afinal, como atingir a perfeição no trabalho? É um conceito individual… Os perfeccionistas sabem do que estou falando!

Além de pouco produtivo e sofrido, o perfeccionismo pode ser paralisante.  

Nada mais equivocado em termos do que as empresas buscam nos profissionais hoje. Em reportagem recente na revista "Entrepreneur", jornalistas perguntaram a profissionais em altos cargos e de inovação quais seriam as principais tendências de mercado para 2019 e pelo menos um terço deles citou a autenticidade como chave para a sobrevivência de empresas e profissionais.

E autenticidade pressupõe ser diferente, ter defeitos, ser melhor em umas coisas que em outras e, veja só, assumir isso. É sobre "ser você" em vez de ser perfeita.

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Os 4 pilares do profissional "bom o suficiente"

Para um perfeccionista, a ideia de diminuir o nível de exigência é uma tragédia. Mas listei aqui quatro pensamentos que podem ajudar a entender por que o meio termo entre a perfeição e o desleixo é mais adequado aos tempos atuais.

Como seria o profissional produtivo, mas não "perfeito", então:

  1. Entrega o melhor possível, mas tem agilidade. Ele cumpre prazos na maior parte do tempo e consegue entender que existe um limite para a quantidade de revisões do trabalho. Busca fazer seu melhor, mas não se martiriza diante de erros.
  2. Sabe priorizar as tarefas sem precisar de microgerenciamento. Para aumentar a performance, aprende a detectar o que é mais importante para os resultados da empresa ou o reconhecimento do seu trabalho e dedica mais tempo e atenção a isso. E o faz por conta própria! Aprender a priorizar é escolher conscientemente as tarefas que precisam ser nota 10 e as que podem ser 7 ou 8 .
  3. Pede mais prazo ou joga limpo diante das dificuldades. Se o profissional se liberta da ideia de ser perfeito, sente-se à vontade para renegociar prazos e fazer perguntas, pedir informações sobre o que não entendeu. Não tem problema em vez ou outra expor seus pontos vulneráveis porque quer melhorá-los dia a dia. Prefere o desenvolvimento contínuo em vez de uma falsa imagem de sabe-tudo. 
  4. Procura ser acima da média no que é sua maior habilidade. É um passo a mais na priorização. Requer, além do alinhamento de expectativas com a empresa, autoconhecimento. Na prática, você entende  no que é boa e se esmera na sua praia, sabendo que assim terá mais chances de se destacar. Nas demais esfera, busca o aperfeiçoamento e se desafia, porém seu a "neura" de precisar dominar o tema.

Mais dicas práticas para combater o perfeccionismo

  • Entenda que criatividade, carisma e outros pontos que lhe tornam interessante tendem a vir justamente dos seus diferenciais e muitas vezes das imperfeições;
  • Aceite que para se diferenciar no mercado atual é preciso cultivar a autenticidade e pergunte-se: "o que me diferencia?". Procure seus pontos fortes e seus desafios sem usar o termo "defeito";
  • Faça uma lista de todas as atividades do trabalho e crie uma priorização. Você pode dar nota mais alta para as que precisam ser próximas da perfeição (lembrando que perfeição é uma meta inatingível) e mais baixa para outras. Mais uma ideia: separe as tarefas entre as que demandam tempo e precisam estar impecáveis e as que precisam ser entregues rapidamente, custe o que custar. Parece difícil, mas funciona.
  • Limite o uso da rede social, principalmente se notar que a comparação está fazendo mal à sua autoestima;
  • Estabeleça prazos mais curtos para a entrega e se comprometa publicamente com isso. Assim você se certifica de que vai largar o osso naquela data. Sim ou sim!

 

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

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