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Bru Fioreti

4 lições de carreira que o Masterchef nos ensina

Bru Fioreti

28/08/2018 04h00

Candidatos com Ana Paula Padrão: o que aprendemos com eles? (Foto: iStock)

O "Masterchef Profissionais" já está no ar pela Band, e a essa altura imagino que você já tenha uma espécie de certificado de especialista no programa emitido pela sua mente. Como experts no show, aprendemos o que é mise en place, a importância de dosar o sal e até o jeito certo de fazer alguns cortes de carne — talvez, como eu, sem nunca na prática ter aplicado as lições dos chefs Jacquin, Paola Carosella e Fogaça, mas e daí?

Vemos programa pós programa os participantes cometerem os mesmos erros triviais, pelo menos sob a confortável ótica de telespectadores. Mas já experimentou se colocar no lugar deles? Será que eles não representam comportamentos profissionais comuns aqui fora?

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Como coach de carreira, entro nesta nova temporada com mais lições de comportamento e profissão do que de cozinha. As principais delas, quero compartilhar aqui.

1) Aprenda a gerenciar melhor o tempo

Os gritinhos de Ana Paula Padrão fazendo a contagem regressiva em pânico não deixam dúvida: o gerenciamento falho de tempo é um dos grandes problemas dos participantes do "Masterchef", amadores ou profissionais. Por falta de programação, de foco na execução ou simples erro de cálculo, eles chegam aos 10 segundos finais com pendências inacreditáveis.

Será que você não está fazendo o mesmo com seu dia?

Vários estudos em produtividade já demonstraram que temos uma capacidade limitada de gerenciar o tempo. Tendemos a calcular mal a quantidade de minutos ou horas necessárias para as tarefas — o que explica em parte porque vivemos às voltas com as To Do Lists que nunca diminuem.

Use essa informação para reprogramar as tarefas de um dia calculando ao menos 30 minutos a mais para cada uma e verá como sua percepção do tempo vai mudar para melhor.

Também tendemos a deixar tudo para a última hora, numa atitude que ratifica a chamada Lei de Parkinson, segundo a qual as tarefas se expandem de acordo com o prazo que damos para elas. Ou seja, se der um prazo de 1 hora para o participante fazer arroz com feijão, ele vai levar meia hora. Se der 3h, usará as 3h.

No programa, os concorrentes não mudam o prazo, mas você pode trabalhar isso na sua vida, comprometendo-se a entregar trabalhos de que não gosta ou que sabe que enrolaria para fazer num prazo menos generoso.

2) Absorva os feedbacks rapidamente

Você já ficou inconformado quando viu os chefs passarem pela bancada de um participante com uma careta e darem um toque precioso de que aquilo tenderia a não funcionar e a pessoa simplesmente bater na tecla e errar, assim, na teimosia?

Confiança é uma coisa, cabeça dura é outra.

Aqui fora, recebemos feedbacks informais o tempo todo, e se dão melhor os profissionais que sabem dosar sua confiança no que estão fazendo com a flexibilidade para absorver conselhos e retornos do que não funciona.

Isso vale para feedbacks de consumidores, mas também de colegas e líderes, que podem estar dando dicas importantíssimas sobre seu desempenho e… falando com as paredes!

O melhor jeito de absorver feedback é tentar separar o lado emocional e racionalmente se perguntar se aquilo faz sentido. Se sim, tentar fazer uma pequena alteração o mais rápido possível na "receita" que não estiver funcionando, seja ela uma tarefa ou um comportamento de baixa inteligência emocional seu.

3) Foque no sabor. Ou melhor, no resultado

Muita gente se apega aos processos envolvidos em um trabalho e, como bem alertam os chefs do "Masterchef Brasil", ao storytelling, à história que quer contar com o que cozinharam. Claro que isso é bacana, recorrer à memória afetiva e tal, porém nunca mais importante que o paladar, ou seja, que o resultado a ser entregue.

Quando você precisa explicar demais um projeto, seja ele qual for, reflita se não é porque ele não fala por si mesmo. Parece algo banal, mas o foco em qualidade e não nos processos e nas histórias laterais ao produto ou serviço que você entrega pode mudar completamente a percepção sobre o seu trabalho.

Não adianta dizer que estava ocupado, que perdeu tempo com interrupções ou com pedidos extras que não param de pipocar na sua mesa.

Os acompanhamentos nunca serão mais importantes que o prato principal — aqui fora, o que você foi primordialmente contratado para fazer. Se a prova for de peixe, ele tem que estar perfeito, não adianta o purê servido ao lado ser sensacional, a cara estar linda e o peixe ter passado do ponto.

É com essa mentalidade que você pode encontrar o essencial, o que precisa estar nota 10, o que traz resultado para você ou a empresa. Em tempo: dizer que "tudo é importante" é não saber determinar prioridade. Sempre há algo de mais impacto para ser feito com mais esmero, tempo ou antes de tudo.

Na dúvida, discuta o que é prioridade com seu líder ou com seu consumidor.

4) Trabalhe a inteligência emocional

Inteligência emocional é a capacidade de lidar com suas emoções e com as dos outros.

Você sabe identificar rapidamente no programa quando um participante sai do tom, não? Dá para perceber quando ele se preocupa demais com os outros, perde o foco com provocações ou se sabota a prova inteira por estar nervoso naquele dia? É panela que cai, gente que se corta, um tal de esquecer de pegar ingredientes básicos no mercado…

Mas quando somos nós é mais complicado ter esse senso crítico e saber quando estamos ou não fora do eixo. A gente só se dá conta, muitas vezes, quando o caldo já desandou. Por isso, trabalhar a inteligência emocional deveria ser uma prioridade de carreira.

E é uma construção a ser feita devagar e sempre — falei mais sobre isso aqui.

Sempre comento em meus textos e vídeos sobre a valorização crescente das chamadas soft skills, as habilidades não técnicas, cada vez mais procuradas por recrutadores. Dá para entender por quê.

O resultado do trabalho tende a ser prejudicado quando essas habilidades mais "suaves", como a capacidade de controle emocional e de se comunicar bem, estão em falta. Invista nelas.

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

Blog da Bru Fioreti