Topo

Histórico

Categorias

Bru Fioreti

Como aproveitar a cabeça fresca das férias para produzir mais depois

Bru Fioreti

25/12/2017 08h00

Eu sei, eu sei… A gente sai de férias justamente porque precisa de uma pausa no trabalho, porque não quer ter obrigação nenhuma, muito menos resolver problemas. Mas se você está aqui neste texto é porque percebeu que essa pausa pode ter uma função a mais que descansar a sua beleza — não que isso seja pouco…

O ócio de férias tem um lado extremamente produtivo — não confundir com o conceito de ócio criativo, criado pelo italiano Domenico De Masi para designar o tipo de trabalho intelectual que inclui aprendizado e diversão enquanto é feito.

O que é ser produtivo nas férias?

Vamos considerar produtividade como a capacidade de fazer o que precisa ser feito para atingir melhores resultados na sua vida de uma maneira mais inteligente e em menos tempo. Boa parte da produtividade vem do foco e de um bom planejamento que, por sua vez, só é possível com clareza de objetivos, boas ideias e uma leitura isenta de cenários.

É aí que seus dias de folga se mostram preciosos. As "férias para a sua mente" são a etapa zero do planejamento, a preparação para tudo o que vier depois. Seu cérebro tem uma capacidade limitada de absorção e processamento de informações e agradece quando você dá tempo a ele para lidar com o conteúdo absurdamente grande que absorve todos os dias.

Fazer absolutamente nada é a atitude mais produtiva que você pode ter nestes dias de folga. O melhor paradoxo possível… (Foto: Pexels)

Um suave detox tecnológico

A desejada clareza vem de uma atitude que, nas férias, você tem mais chance de tomar: usar menos o smartphone — lamento dizer.

O neurocientista Adam Gazzaley e o psicólogo Larry D. Rosen, em seu livro "The Distracted Mind – Ancient Brains in a High-Tech World", mostram que temos a tendência a nos viciar na recompensa rápida dada pelas redes sociais e pelos feeds de notícias. Isso explica aquele comportamento (conhece?) de, ao menos sinal de pausa, imediatamente pegar o celular.

Com o sistema de recompensa do cérebro ativado, sentimos a necessidade de repetir esse comportamento — traduzindo: você começa a fazer mais e mais pausas para checar a internet, a distração passa a ser constante e, claro, vem a dificuldade de se concentrar no que estiver fazendo.

Por que não quebrar esse ciclo nestas férias e de fato descansar a mente? Seu foco vai melhorar na volta ao trabalho… Modo de fazer? Basta não correr para o celular a cada momento de tédio!

O poder da inutilidade

Parte do círculo vicioso tecnológico que descrevi acima tem a ver com a impressão de que tudo precisa ser útil, soa familiar para você? É um pensamento típico da tal FOMO (Fear Of Missing Out), uma espécie de síndrome moderna caracterizada pela ansiedade de sentir que está sempre perdendo alto importante, por fora dos acontecimentos.

Pois vamos praticar a inutilidade consentida.

Dê a si mesmo alforria, licença para fazer o que for aparentemente inútil — não tiver um beneficio imediato, não for "postável", não parecer interessante para mais ninguém a não ser você. Isso pode incluir visitar lugares novos (ou revisitar), aprender algo aparentemente estúpido, brincar de algo que amava na infância, assistir a um besteirol…

A inutilidade é sua, aproveite!

E se isso parecer difícil à primeira vista, um incentivo: fazer coisas diferentes da rotina acaba melhorando sua capacidade de resolver problemas e aumenta seu nível de bem-estar. Ok, agora você está vendo que não é tão inútil…

Brincar de brainstorm, anotar insights

Aproveitando um pouco a sua existência offline, vale usar estes dias para fazer planos com calma, e uma boa maneira de se embrenhar nessa missão é esta que descrevi na minha coluna anterior.

Mas, mesmo se você não estiver com paciência para uma análise mais profunda, o simples hábito de ter um bloquinho de anotações por perto já será benéfico.

Em meio ao "dolce far niente" de dezembro e janeiro, ideias sobre trabalho, diversão e até algumas filosóficas poderão pipocar, e cabe a você estar a postos para capturar esse jeito "fora da caixa" de pensar. Lembre-se de que seus pensamentos se esvaem em poucos segundos, daí a recomendação de tomar nota.

De volta à rotina, esses recados de você tranquilo para você agitado serão de bom grado, pode acreditar.

Sobre a autora

Bruna Fioreti é coach de vida e carreira, jornalista e consultora de branding pessoal e conteúdo. Ministra cursos e palestras sobre carreira, estilo, produtividade e temas femininos pelo Brasil - expertise desenvolvida em cinco anos como redatora-chefe da revista Glamour. Com MBA em Coaching em curso e seu projeto Manual de Você, realiza dezenas de atendimentos individuais e dissemina o conceito de #autocoaching nas redes sociais.

Sobre o blog

Dicas e reportagens sobre carreira, com foco nas mulheres que buscam satisfação, foco, produtividade e aprimoramento da imagem profissional. Um espaço para falar das tendências da área, que vai te ajudar a atingir a melhor performance da empresa chamada VOCÊ.

Blog da Bru Fioreti